Atividades lúdicas proporcionam bem-estar para mães internadas na unidade Canguru do HGF

7 de maio de 2024 - 09:41 # # # #

Assessoria de Comunicação do HGF
Texto e fotos: Suzana Mont’Alverne
Arte gráfica: Iza Machado

“Eu quis muito estar aqui, perto dela”, afirma Ariane Rodrigues, de 33 anos, atualmente internada na Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (Ucinca), popularmente conhecida como Unidade Canguru, do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Após muitas dificuldades enfrentadas na gestação, estar no Canguru é um desejo realizado pela dona de casa, mãe da pequena Isis Fernanda.

Natural de Itapipoca, Ariane deu entrada no equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) no início de março com complicações durante o período gestacional. “Tive pré-eclâmpsia [problema relacionado ao aumento da pressão arterial em grávidas]. Passei por uma cesárea de emergência e fiquei muitos dias vendo minha filha na incubadora”, relata. Depois de um tempo, Ariane recebeu alta, mas a filha precisava seguir internada. Sem familiares ou amigos próximos em Fortaleza, a jovem teria que voltar para sua cidade natal.

“Eu pedi a Deus para me deixar ficar com ela. A ideia de não vê-la me angustiava. Quando surgiu a vaga aceitei, senti que era necessário, não conseguiria ficar tranquila sem acompanhar a evolução dela de perto”, compartilha emocionada. No último dia 8 de abril, mãe e filha puderam ir para a Ucinca. A decisão, segundo ela, foi acertada, mas acarretou em outras dores. “Pensei no meu filho mais velho (sete anos), na saudade que sentíamos um do outro. Foi a decisão correta, mas foi também dolorosa”, acrescenta.

Humanização do atendimento

A Unidade Canguru proporciona às mães o contato direto pele a pele com o recém-nascido e, embora seja revigorante, internações prolongadas podem causar tristeza, medo e preocupações pela separação de casa, além da ansiedade devido às responsabilidades vividas sozinhas, longe dos familiares.

“São crianças prematuras, com baixo peso e vindas de internação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTINeo). Há uma tensão para que a criança se desenvolva e tudo isso sem apoio daqueles que a amam, longe da vida cotidiana”, explica a coordenadora médica da UTINeo do HGF, Gabrielle Machado.

O cuidado com o bem-estar da mãe foi o que motivou a equipe multidisciplinar a promover atividades lúdicas e rodas de conversa. “A mãe é privada de sono, oferece a mama de três em três horas, às vezes até de duas em duas, e não é fácil. Há a preocupação para que a criança não perca peso, que se desenvolva”, reforça a terapeuta ocupacional da unidade, Liege Gross.

As atividades propostas pela equipe multidisciplinar da unidade Canguru do HGF proporcionam momentos de descontração

São jogos de tabuleiro e cartas, rodas de conversas, cinema e trabalhos manuais. Para Ariane, momentos de descontração, com outras atividades que não envolvam a rotina hospitalar, fazem muita diferença. “Gosto dos jogos e de usufruir das rodas de conversa. Ouvir e falar com outra mãe e com as profissionais é valioso”, afirma a paciente.

Enfermeira da unidade, Thais Duarte acrescenta ainda que as atividades estreitam os laços entre os profissionais e pacientes. “São pessoas vivendo um momento de vulnerabilidade, é importante que se sintam seguros conosco. A boa relação com a equipe pode favorecer o tratamento e a evolução de todos”, ressalta a profissional.

Unidade Canguru

Na Ucinca, as mães ficam em contato com os bebês 24h e participam ativamente dos cuidados com o recém-nascido. “Com o Método Canguru, conseguimos mitigar alguns dos danos causados pelas restrições da estadia hospitalar, como promover o vínculo e o aleitamento materno”, explica a terapeuta ocupacional. O desenvolvimento dos recém-nascidos aumenta a confiança das mães e favorece o desenvolvimento dos recém-nascidos de baixo peso.

Os recém-nascidos são avaliados pela equipe multiprofissional do serviço. Na imagem, a mãe acompanha o atendimento da terapeuta ocupacional ao seu filho

Com cinco leitos, todas as mães e bebês internados na unidade Canguru do HGF são avaliados. “As mães precisam estar seguras e cientes da escolha; os recém-nascidos precisam estar clinicamente estáveis, sem precisar de suporte de oxigênio, hidratação venosa ou uso de antibiótico. O peso é outro fator, os bebês precisam ter pelo menos 1.250kg”, esclarece a médica. Fazem parte da Ucinca profissionais de Neonatologia, Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional.