Estou com HPV. E agora?
12 de setembro de 2011 - 11:15
O papiloma vírus humano (HPV) está presente em boa parte das pessoas que têm vida sexual ativa. O Ciência & Saúde ensina como lidar com uma das DSTs mais comuns. Sem medo, nem preconceito
Você já foi diagnosticado (a) com HPV, o papiloma vírus humano? Por ser uma doença sexualmente transmissível (DST), que pode causar lesões na região genital e anal, o diagnóstico, a princípio, incomoda. Chega com uma estranha sensação de medo, reprovação e preconceito. Será que vou morrer? É câncer? Não me protegi como deveria? Fui traído(a)? O HPV, no entanto, pode ser mais comum do que se imagina. Segundo os especialistas, estudos mostram que 80% das pessoas sexualmente ativas entram em contato com o vírus em algum momento da vida.
Isso porque, de acordo com a ginecologista Raquel Autran Coelho, há mais de 200 tipos diferentes de HPV (cerca de 50 tem preferência pela região genital e anal), que infeccionam de forma transitória e podem até ser assintomáticos. “Muitas pessoas nem chegam a saber que foram portadoras”, diz a médica. O ginecologista José Eleutério Júnior, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), pesquisador de DSTs e oncologia ginecológico, explica que o dano causado ao corpo, por meio de lesões, vai depender da reação do sistema imunológico.
“Algumas pessoas vão ter contato com o vírus e vão eliminar pelo próprio sistema imunológico. Sem ter que fazer tratamento”, exemplifica. Há dois grupos de HPV que podem causar danos à região genital e anal, de acordo com os especialistas: os vírus de alto risco (como os tipos 16, 18, 31, 33, 45 e 58) e os vírus de baixo risco (6 e 11, por exemplo). Essa divisão está relacionada ao risco da lesão evoluir ou não para câncer. Conforme a ginecologista Liana Rabelo, chefe do setor de Ginecologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), cada grupo tem sintomas específicos.
Os vírus de baixo risco, segundo Liana, podem atacar homens e mulheres com condilomas acuminados, que são as verrugas genitais. São lesões na vulva, na vagina, no pênis e no ânus, que podem provocar ou não coceira e ardor. “É uma manifestação local. Não há manifestação sistêmica como febre, por exemplo”, explica Liana Rabelo, que é especialista em patologia do trato genital inferior. As verrugas podem sumir pela própria reação do sistema de defesa. Existe também a possibilidade de fazer tratamento com medicamentos ou procedimentos de retirada das lesões, dependendo do caso, conforme relata a médica.
Câncer
O outro grupo de vírus, os de alto risco, provoca lesões pré-cancerosas, que se localizam principalmente no colo do útero – mais de 90% dos cânceres nessa região estão associados ao HPV, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). Entre os tipos que mais provocam tumores nessa região, estão os vírus 16 e 18. Eles são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo uterino. Existe ainda a possibilidade, bem mais rara, de lesões pré-cancerosas estarem relacionadas a tumores malignos em outras partes da região genital e anal. Conforme a ginecologista Raquel Autran, os vírus de alto risco podem estar a associados ao câncer de pênis, vulva, vagina e ânus.
POR QUE?
ENTENDA A NOTICIA
O papiloma vírus humano (HPV) é uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns entre homens e mulheres. Segundo estudos, cerca de 80% da população sexualmente ativa entra em contato com o vírus em algum momento da vida. O HPV pode provocar lesões na região genital e até desenvolver um câncer.
Gabriela Meneses
gabrielameneses@opovo.com.br
Fonte: O POVO Online/OPOVO/Ciencia e Saúde