Picadas de escorpião tem aumento de 185% na Capital
16 de maio de 2011 - 12:44
Atraídos por baratas, escorpiões escondem-se principalmente em espaços úmidos nas residências
Associada à quadra chuvosa e ao crescimento urbano desacompanhado de cuidados com a limpeza, a proliferação de escorpiões na Capital tem resultado numa maior procura das unidades de saúde.
No Instituto Doutor José Frota (IJF), o número de atendimentos a vítimas de picadas do aracnídeo cresceram 185%. Em janeiro e fevereiro deste ano, foram registrados 325 ocorrências do gênero, enquanto, em igual período de 2010, houve 114 casos.
Embora não haja, atualmente, registros de óbitos no hospital por picadas de escorpião, o ataque do animal artrópode provoca dor intensa, dormência e, em determinados casos, complicações que podem ser notadas através de sintomas como vômitos e sudorese.
De acordo com o farmacêutico Joaquim Gonçalves Neto, plantonista do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do IJF, a espécie encontrada no Ceará possui baixa toxicidade, o que faz com que a utilização de soro contra o veneno seja desnecessária na maioria dos casos.
Conforme Joaquim, o aumento no número de vítimas das picadas é fruto do crescimento populacional do animal.
Em períodos de chuva, informa, o crescimento da vegetação rasteira próxima às residências propicia a proliferação do escorpião, que, por sua vez, acaba sendo atraído para o interior das casas. Dentro destas, disse, a existência de baratas ou outros insetos acaba atraindo o aracnídeo.
A umidade, complementou, é outro fator que provoca atração sobre os animais. “Há casos de pessoas que chegam porque foram picadas no rosto ou no corpo porque não notaram que havia um escorpião na toalha que utilizaram”, exemplifica.
De acordo coordenador do Centro de Formação Toxicológica do Ceará, José Ambrósio Guimarães, os pontos da Capital onde o problema se torna mais notado são aqueles onde há maior concentração de lixo e, consequentemente, de baratas. Como exemplo, citou os bairros São João do Tauape e Pirambu, apontados em levantamento feito pelo Centro.
Apesar da baixa toxicidade da espécie encontrada no Estado, o coordenador recomenda que as vítimas procurem algum hospital onde possam checar os batimentos cardíacos e prevenir complicações decorrentes de arritmia, por exemplo. “As pessoas não precisam ir ao IJF ou ao HGF (Hospital Geral de Fortaleza). Podem ir aos Frotinhas ou aos Gonzaguinhas”, aponta.
Prevenção
Embora as precipitações contribuam para o aumento do número de escorpiões, destaca José Ambrósio, o crescimento pode ser evitado com medidas preventivas voltadas à limpeza.
A prevenção é sempre mais efetiva que o remédio. Picadas de escorpião podem levar a óbito, em alguns casos em poucos minutos, por isso use sempre equipamentos de segurança; mantenha o ambiente de trabalho sempre limpo, evitando acumular material desnecessário e feche todos os ralos e buracos.
Observe com cuidado os panos de limpeza (chão), antes de apanhá-los; tenha cuidado com picadas nas mãos, quando mexer em equipamentos, tijolos, entulhos, folhagens e buracos; evite jogar lixo e entulhos ao redor de seu ambiente de trabalho. O lixo é um bom ninho para escorpiões e aranhas.
Mais informações podem ser obtidas na página eletrônica do HGF – www.hgf.ce.gov.br ou pelo telefone (85) 3255.5050.
JOÃO MOURA
ESPECIAL PARA CIDADE
HÁBITOS
Ataques são involuntários e seguidos de dor intensa
Os escorpiões não atacam o homem intencionalmente, e o acidente, via de regra, ocorre de forma involuntária, no momento em que a pessoa encosta alguma parte do corpo no animal. Os grupos mais expostos são trabalhadores da construção civil, crianças e donas-de-casa.
Outros grupos de riscos são os trabalhadores de madeireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros, por manusear objetos e alimentos onde podem estar alojados (escondidos) os animais.
Os escorpiões procuram alimento à noite. Podem entrar nas residências através de tubulações para fiação e encanamentos de esgoto, além de frestas de paredes, portas e janelas. Podem, também, ficar escondidos na claridade do dia, em lugares escuros e escondidos como dentro de calçados, armários, gavetas, panos e toalhas em áreas de serviço e banheiros.
Geralmente, a picada de escorpião é seguida de dor (moderada ou intensa) ou formigamento do local do acidente. Nos casos graves, podem ocorrer náuseas ou vômito, suor excessivo, agitação, tremores, salivação, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial.
Criado em novembro de 2005, o Centro de Informação e Assistência Toxicológica Estadual (CIAT) funciona no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e tem como objetivo promover diagnósticos mais precisos nos casos de intoxicação aguda e fazer os registros de intoxicação no Estado.
No ano passado foram registrados quatro óbitos por acidentes de animais peçonhentos no Ceará, mas nenhum causado por escorpiões.
Recomendações
No atendimento aos acidentados, não se recomenda usar torniquete ou garrote, fazer incisões ou colocar qualquer substância no local.
Os acidentes leves que apresentam somente dor local não requerem soroterapia. No entanto, nos quadros moderados e graves, a soroterapia deve ser administrada o mais precocemente possível.