Cearense transforma criadouro em armadilha para o mosquito da dengue

29 de abril de 2011 - 16:29

Garrafas PET, água limpa e detergente neutro são os materiais necessários para a armadilha desenvolvida e testada por um engenheiro agrônomo cearense

Uma garrafa PET cortada ao meio, um litro de água e um pouco de detergente podem ser uma mistura letal para o mosquito da dengue e para as larvas. Quem dá a dica é o engenheiro agrônomo cearense Carlos Antônio Barreto, que há vários anos vem se dedicando a pesquisar medidas de combate ao mosquito da dengue.

A armadilha já é facilmente encontrada em casas do bairro Vila Betânia, em Fortaleza, onde mora seu Barreto. Depois de testar cerca de dez materiais, entre eles o óleo comestível, o sal de cozinha, o álcool e o suco da folha do mamoeiro, o engenheiro agrônomo Carlos Barreto chegou ao detergente neutro, usado comumente nas cozinhas para lavar louças. Ele percebeu que além de quebrar a tensão superficial da água, que permite que o mosquito patine sobre a água, o detergente também tira a proteção cerosa que existe nas larvas, causando assim a asfixia de mosquitos e larvas. Os testes foram feitos no Laboratório de Medicina Comunitária da UFC e mostraram que mosquitos e larvas realmente não resistiam à mistura.

Como confeccionar a armadilha
Corte a garrafa PET de dois litros ao meio e descarte o funil. Na parte inferior, ponha água até faltar aproximadamente 1 centímetro para enchê-la. Adicione uma tampinha da própria garrafa com detergente de lavar louça neutro e mexa vagarosamente para diluir o detergente na água, tomando-se o cuidado para não fazer espuma nas bordas da armadilha ( a espuma repele o mosquito). Se houver formação de espuma retire-a com um algodão ou paninho seco. Coloque a armadilha à sombra protegida do sol e chuva( o mosquito dá preferência a locais escuros). A água deve ser trocada toda semana. Para atrair mais facilmente os mosquitos, forre a garrafa com um saco preto.  Ponha quantas armadilhas quiser na sua casa ou no ambiente de trabalho. A garrafa PET pode ser substituída por um jarrinho preto de plástico.  Em alguns dias,  você poderá observar mosquitos mortos. As larvas não visíveis a olho nu.

Como funciona
O mosquito deposita os ovos na parede do reservatório e quando eles eclodem(nascem as larvas),as larvas caem na água com detergente. A proteção cerosa que existe no sifão da larva que evita entrar água em seu corpo, é retirada pelo detergente e toda a vez que expõem seu sifão ao meio ambiente para respirar, entra uma gotícula de água e elas vão se afogando.

Vantagens da armadilha com detergente
Para o engenheiro agrônomo Carlos Antônio Barreto, a grande vantagem dessa armadilha é que ao invés de morrer pela ação de um inseticida, já que o mosquito pode adquirir resistência, é que a morte das larvas e mosquitos acontece pelo efeito mecânico(asfixia). E contra a asfixia não há como adquirir resistência já que o inseto não consegue viver sem oxigênio.

 

Como os DETERGENTES à base de Alquibenzeno Sulfonato de Sódio são produtos biodegradáveis, de baixo custo, não tóxicos, de fácil manuseio e facilmente encontrados em todas as cozinhas dos lares brasileiros, o engenheiro recomenda que usado também nos ralos, pneus usados e outros reservatório com água parada como é o caso das piscinas abandonadas.

Comprovação científica
Depois dessa descoberta, o engenheiro agrônomo Carlos Antônio Barreto patenteou sua ideia e agora espera conseguir o apoio de pesquisadores para que este trabalho possa ter uma comprovação científica.

Velho combatente da dengue

Em 2002, o engenheiro Carlos Antônio Barreto inventou, com o apoio do professor Ricardo Pontes, da UFC, um sugador elétrico de larvas do mosquito da dengue usado em caixas d’água o que gerou a publicação de um trabalho cientifico apresentado em congresso Sobre doenças Tropicais realizado em Belém, no Pará. Por falta de divulgação, o trabalho acabou não sendo popularizado como ele gostaria.

 

Clique aqui e veja o passo-a-passo para confeccionar sua armadilha

 

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