Primeiros pacientes do implante coclear demonstram alegria ao ouvirem pela primeira vez, nesta quinta-feira, 30
1 de outubro de 2010 - 12:56
Carlos Samuel, de 3 anos, e Nicole, de 7 anos, foram os primeiros pacientes a receber o implante coclear pelo SUS no Ceará. Nesta quinta, 30, eles tiveram o implante ativado e ficaram felizes ao ouvir os primeiros sons
Samuel e Nicole chegaram antes das 8h00 no setor de fonoaudiologia do HGF. Samuel, de 4 anos, estava inquieto. Só parou na hora de fazer a ativação do aparelho. Ao ouvir as palmas dentro da sala, ele já manifestava a alegria de reconhecer os primeiros sons e até imitava a fonoaudióloga. A mãe, Sílvia, ficou atenta às orientações sobre o uso e cuidados que deve ter. Ela vai ajudar em casa na reabilitação de Samuel.
Carlos Samuel gostou do que ouviu e Sílvia teve uma aula de como cuidar do aparelho em casa
Nicole estava ansiosa. Não via a hora de chegar a vez dela. Na hora de ativar o implante, ela correspondeu bem a todos os estímulos. De aparelho ligado, deu umas voltas pelo hospital para perceber os sons do ambiente. Ouviu vozes, palmas, e parou diante da TV instalada no pátio da Unidade Régis Jucá. Feliz com tudo, fez sinal que estava ouvindo tudo.
Nicole fica surpresa ao descobrir a boneca que usa implante como ela e, em seguida à ativação, feliz ao identificar o som da TV
Realmente, o 30 de setembro de 2010 abriu um novo capítulo na vida de Carlos Samuel e Nicole e também de suas famílias. Poder apreciar qualquer som, por mais simples que seja, que para muitos é algo comum, para eles passa a ser uma grande descoberta: o mundo dos sons.
Também nesta semana, o paciente João Praciano Serra, 62 anos, deficiente visual e auditivo, teve a felicidade de voltar a ouvir após dois anos de um angustiante silêncio. Na hora da ativação, as lágrimas encheram a pequena sala no setor de fonoaudiologia de emoção. Era a primeira vez que seu Praciano ouvia a fala de sua companheira, Ana Maria Távora, 53 anos. Mesmo com os olhos marejados, ela sorriu. “Ouvi o sorriso mais bonito do mundo”, disse ele. Seu Praciano perdeu a visão por conta de um glaucoma. A perda auditiva gradativa começou aos 30 anos até que os sons sumiram de vez. Ele teve o implante coclear realizado no dia 3 de setembro, e agora teve o implante ativado. Perguntado sobre como é ouvir de novo através de um aparelho, ele responde: “o som é diferente, mas eu tenho que me acostumar”. Como seu João, Carlos Samuel e Nicole, outras dez pessoas já passaram pela cirurgia para colocação do implante coclear. Vidas que ganham um novo sentido. Outras 14 vão receber o implante até dezembro deste ano.
A partir da ativação do implante, feita através de um programa de computador, será iniciada a etapa de reabilitação. É quando, com a ajuda da equipe de fonoaudiologia, eles vão aprender a identificar os sons, reconhecê-los e diferenciá-los. A etapa seguinte é aprender a falar.
Credenciamento
O HGF foi credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar cirurgias para implante coclear em dezembro do ano passado. Este ano, já foram realizados 10 implantes. Nesta sexta-feira, 01, outros quatro estão sendo realizados. A expectativa é de que sejam realizadas 24 cirurgias até dezembro. Um investimento de cerca de um milhão de reais. Cerca de 70 pacientes estão cadastrados para passar pelo procedimento, indicado quando a prótese amplificadora já não ajuda.
O implante coclear é realizado pelo SUS desde 2000 e o Ministério da Saúde investe R$ 45,8 mil para o atendimento de cada paciente. O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece o ouvido biônico, uma prótese que é implantada por meio de cirurgia no ouvido de pacientes com deficiência auditiva. O equipamento auxilia o cérebro a interpretar os estímulos sonoros, devolvendo o sentido ao paciente. Já há 17 unidades de saúde com capacidade para realizar o procedimento. Elas estão no Distrito Federal e nos estados da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Rio de Janeiro, credenciado este ano.
Um ouvido artificial
O implante coclear é um equipamento computadorizado colocado dentro da cóclea, na parte interna do ouvido. Ele capta os sons e os transforma em sinal elétrico, que é interpretado no cérebro como estímulo sonoro. Além do dispositivo, o aparelho é composto por um processador de fala que fica fora do ouvido. É como se fosse um microfone captando o som do ambiente. O funcionamento do implante coclear é diferente do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), uma vez que ele cria a possibilidade de o usuário perceber o som em vez de só aumentá-lo.
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