HGF implanta primeiro ouvido biônico pelo SUS no Ceará

30 de julho de 2010 - 21:51

 

                                                                                                      Mauri Melo(O Povo)

 

Pacientes que nunca ouviram ou perderam a audição vão ter a chance de (re)descobrir o inédito prazer da audição. As cirurgias foram realizadas nesta sexta-feira, 30

 

 

Novo marco na história do Hospital Geral de Fortaleza. Nesta sexta-feira, 30, o HGF concretizou mais um sonho: realizou o primeiro implante coclear do Estado pelo SUS. Carlos Samuel, 3 anos, de Jucás, inaugurou o atendimento, acompanhado pela equipe médica coordenada pelo cirurgião Gumercindo Rolim, do Setor de Otorrinolaringologia do hospital. Agora, Samuel tem amplas possibilidades de vida, como acredita sua mãe, dona Sílvia. Diferente do que estava acostumada a fazer, ela diz que a partir do implante, Samuel vai poder se comunicar e fazer escolhas tipo “que profissão ele quer ter, que música ouvir”. E não foi só o garoto contemplado hoje com o implante coclear. Nicole, 7 anos, de Horizonte, também passou pelo mesmo procedimento cirúrgico, o que deixou a mãe, dona Francineide, angustiada e ao mesmo tempo feliz.

 

Tiago Gaspar(DN)

 

Sílvia, mãe de Samuel, estava ansiosa. Afinal, a vida dele vai ganhar um novo sentido. “A gente fica com o coração na mão, mas eu confio em Deus e nos médicos que vão operar meu filho. Sei que vai dar certo.” Dizia ela logo após a entrada do filho na sala 5 do Centro Cirúrgico. Sílvia percebeu que Samuel não escutava quando ele tinha apenas meses de vida. No berço, quando chorava, só se acalmava quando via a mãe. Se ela falava de longe, as palavras se dissipavam no ar, sem serem percebidas por ele. Este ano, ele começou a usar um aparelho amplificador. Os sons começaram a chegar, mas ainda de forma insuficiente. Samuel até começou a aprender a linguagem dos sinais. Com a mãe, se comunica por gestos, olhares. Agora, tudo vai mudar. “Vai ser uma nova descoberta na vida dele e na nossa.”

Nicole, de 7 anos, que também nasceu com deficiência auditiva, já sabe até o que quer ouvir primeiro. É o Pica-pau. O personagem do desenho animado que ela adora ver mas nunca ouviu. A mãe Francineide conta que há cerca de 4 anos, Nicole usa o aparelho amplificador, e que há um ano, tenta conseguir o implante para a filha em Natal. Agora, que a cirurgia vai pasar a ser feita aqui em Fortaleza, Nicole não vai mais ter que esperar. “Vai ser uma grande vitória pra ela e pra mim também.”

O HGF foi credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar cirurgias para implante coclear em dezembro do ano passado. A expectativa é de que sejam realizadas 24 cirurgias por ano. Um investimento de cerca de um milhão de reais. Cerca de noventa pacientes já estão cadastrados para passar pelo procedimento, indicado quando a prótese amplificadora já não ajuda.

O implante coclear é realizado pelo SUS desde 2000 e o Ministério da Saúde investe R$ 45,8 mil para o atendimento de cada paciente. O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece o ouvido biônico, uma prótese que é implantada por meio de cirurgia no ouvido de pacientes com deficiência auditiva. O equipamento auxilia o cérebro a interpretar os estímulos sonoros, devolvendo o sentido ao paciente. Já há 17 unidades de saúde com capacidade para realizar o procedimento. Elas estão no Distrito Federal e nos estados da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Rio de Janeiro, credenciado este ano.

Em 2009, foram feitos 479 implantes na rede pública, com um investimento de mais de R$ 21 milhões só naquele ano. No total, o SUS já realizou 2.166 cirurgias de 2000 até outubro de 2009. Além do custeio da cirurgia, o valor repassado para as unidades inclui o preparo do paciente (com testes de próteses auditivas e avaliação de um fonoaudiólogo) e a reabilitação. Esse processo é essencial porque o paciente precisa aprender a utilizar o equipamento no dia a dia. As unidades habilitadas pelo Ministério da Saúde devem cumprir uma série de requisitos que garantem o acompanhamento do paciente durante todo o processo, desde o preparo para a cirurgia até a reabilitação.

Um ouvido artificial

O implante coclear é um equipamento computadorizado colocado dentro da cóclea, na parte interna do ouvido. Ele capta os sons e os transforma em sinal elétrico, que é interpretado no cérebro como estímulo sonoro. Além do dispositivo, o aparelho é composto por um processador de fala que fica fora do ouvido. É como se fosse um microfone captando o som do ambiente. O funcionamento do implante coclear é diferente do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), uma vez que ele cria a possibilidade de o usuário perceber o som em vez de só aumentá-lo.

Redescobrindo sons

Antes de o HGF fazer este tipo de cirurgia, os pacientes eram encaminhados para outros Estados. Raquel Costa, hoje com 29 anos, recebeu o implante coclear em 2007, em Natal. Hoje, Raquel ouve e fala com propriedade. É o som quem dá o tom das emoções. Nicole e Samuel vão poder descobrir isso também. E na semana que vem, outros dois pacientes vão passar pela mesma cirurgia e logo poderão descobrir uma infinidade de barulhos que tornam o mundo mais vivo, mais emocionante.

 

Clique aqui para ver Reportagem da TV Diário sobre o primeiro implante coclear do Ceará

Clique aqui para ver Reportagem da TV Verdes Mares sobre o primeiro implante coclear do Ceará

Mais informações:

Assessoria de Comunicação HGF – (85)3101-7086