Estresse, ansiedade e depressão têm conexão biológica

15 de abril de 2010 - 17:08

 

 

Uma conexão biológica entre estresse, ansiedade e depressão foi identificada pela primeira vez por um grupo de cientistas da Universidade de Ontario Ocidental, no Canadá. A descoberta foi publicada neste domingo no site da revista Nature Neuroscience.

 

Ao identificar o mecanismo no cérebro responsável pela ligação, o grupo liderado por Stephen Ferguson conseguiu mostrar como o estresse e a ansiedade podem levar à depressão.

 

O estudo também resultou no desenvolvimento de um inibidor molecular que poderá, de acordo com os autores, levar a um novo caminho para o tratamento da ansiedade, da depressão e de outros distúrbios relacionados.

 

Em experimentos em camundongos, os pesquisadores identificaram o caminho da conexão e puderam testar o inibidor.

– Os resultados do estudo indicam que poderemos ter uma nova geração de drogas e de alvos dessas drogas que possam ser usadas para identificar a depressão e tratá-la com mais eficiência do que os métodos atuais –, disse Ferguson.

Segundo o cientista, o próximo passo da pesquisa será verificar se o inibidor desenvolvido poderá resultar em um agente farmacológico.

– De acordo com a Organização Mundial da Saúde, depressão, ansiedade e outros distúrbios de comportamento estão entre as causas mais prevalentes de doenças crônicas. Ao explorar o potencial da biologia molecular, Ferguson e colegas mostraram novos caminhos que poderão se mostrar importantes para a melhoria das vidas de muitas pessoas que sofrem com esses problemas –, disse Anthony Phillips, diretor dos Institutos Canadenses de Pesquisa em Saúde, que financiou a pesquisa.

 

O mecanismo de conexão descoberto envolve a interação entre o receptor de fator de liberação de corticotropina 1 (CRFR1) e tipos específicos de receptores do neutrotransmissor serotonina (5-HTR).

 

O estudo revelou que o CRFR1 atua no aumento do número de 5-HTR em superfícies de células no cérebro, o que pode causar uma sinalização anormal.

 

Como a ativação do CRFR1 leva à ansiedade em resposta ao estresse, e como o 5-HTRs induz ao estado depressivo, a pesquisa verificou como os caminhos do estresse, da ansiedade e da depressão se conectam por meio de processos distintos no cérebro.

 

O fator inibidor desenvolvido pelos pesquisadores bloqueou, em camundongos, os caminhos, reduzindo os comportamentos de ansiedade e de depressão potencial, disseram os autores.

 

Com informações do Correio do Brasil e Agência Fapesp