Cidadania e cuidado: HGF garante documentação civil a pacientes em situação de vulnerabilidade

18 de junho de 2025 - 17:06

Assessoria de Comunicação do HGF
Texto e fotos: Eva Sullivan

A escuta qualificada é o primeiro passo do Serviço Social do HGF

O Hospital Geral de Fortaleza (HGF), equipamento da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), tem abraçado, cada vez mais, a missão de garantir o direito à cidadania de quem chega, muitas vezes, sem nenhum documento ao hospital.

Durante as décadas de 1980 e 1990, a voz de Mônica Fonseca Rodrigues, hoje com 62 anos, ecoava nas ondas de rádio e nas TVs de Fortaleza e interior do Estado. Apresentadora, repórter e uma comunicadora nata, Mônica levava informação às casas dos cearenses em programas e informativos publicitários.

O tempo passou, a vida seguiu outros rumos e, décadas depois, ela agora reencontra a força da própria voz. Não mais nos microfones, mas na defesa do seu direito de ter seus documentos atualizados e de existir formalmente.

Mônica Fonseca Rodrigues renovou toda a sua documentação civil

“Minha documentação estava velhinha demais. Então, vieram aqui no leito, tiraram minha foto, colheram minhas digitais, fizeram tudo certinho. Estou muito agradecida”, conta ela, que hoje enfrenta desafios de saúde, mas não abre mão de manter vivo o seu otimismo.

O atendimento da Mônica faz parte de uma importante atuação do HGF, que, por meio do Serviço Social, garante acesso à documentação civil para pacientes em situação de vulnerabilidade. Seja para quem nunca teve um registro, para quem perdeu todos os documentos ou no caso de quem precisa renovar registros muito antigos e desgastados, o hospital entende que cidadania também é sobre cuidar.

“O trabalho começa entendendo a realidade de cada paciente”, diz Luciana Lima

“Quando um chega sem documento ou com condições bem precárias, isso impacta diretamente no acesso à saúde, à assistência e até mesmo à vida. O documento não é um mero papel, ele é o que permite que essa pessoa seja vista e tratada com dignidade”, explica a assistente social do HGF, Luciana Lima de Castro.

Segundo ela, essa realidade é mais comum do que se imagina. “São, na maioria, adultos, muitos em idade avançada, que nunca foram registrados ou que tiveram seus documentos perdidos ao longo da vida. Às vezes são pessoas que perderam tudo em situação de violência, em situação de rua, alguém que vive em extrema pobreza. Ou alguém que, por falta de acesso, nunca foi registrado. Recentemente, atendemos um homem que viveu 40 anos sem qualquer documento. Foi aqui no hospital que ele teve o direito básico: o de existir formalmente. Pela primeira vez ele teve um nome no papel, um CPF, um RG. Não só ele, mas toda a família que viveu uma vida invisível. O que fizemos foi um resgate de uma história inteira”, lembra.

Articulação

A atuação do serviço social do HGF envolve não apenas o hospital, mas uma grande rede de articulação que inclui o programa “Sim, eu existo” da Prefeitura de Fortaleza; o Caminhão do Cidadão, da Secretaria da Proteção Social do Ceará (SPS); o Centro de Referência de Assistência Social (Cras); o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas); a Defensoria Pública; cartórios; e outras instituições da rede de assistência.

Atendimentos, relatórios e articulações marcam a atuação do Serviço Social do HGF

Saúde e cidadania andam de mãos dadas. Se não garantimos o direito à cidadania, não conseguimos garantir que essa pessoa acesse uma consulta, a continuidade do seu tratamento, um benefício social que é seu por direito, ou que simplesmente volte para casa, para sua família com dignidade”, reforça Luciana.

O processo, segundo a assistente social, pode levar de 15 a 20 dias, dependendo da complexidade, especialmente quando envolve registro tardio, que exige busca ativa em cartórios, levantamento de dados civis e, em alguns casos, até atuação do Ministério Público.

“Eu fico muito feliz de poder compartilhar isso. Na minha juventude falava muito sobre as histórias dos outros na televisão, no rádio, e agora eu sou uma dessas histórias. O cabelo ficou branco, a voz não é mais a mesma, mas a vida segue ensinando. E, graças a Deus, levo na memória como estou sendo muito bem cuidada aqui. Da renovação dos meus documentos ao tratamento do câncer de pulmão, fico muito grata”, finaliza Mônica.