Paciente com Parkinson relata desafios e HGF destaca importância do diagnóstico precoce
16 de abril de 2025 - 13:09 #Diagnóstico #Doença de Parkinson #Neurologia
Assessoria de Comunicação do HGF
Texto e fotos: Eva Sullivan
Quando os primeiros tremores começaram, Francisco Benevaldo Carneiro, de 56 anos, natural de Madalena, confundiu com ansiedade ou cansaço. “Era só no dedão, depois foi subindo pra perna e passou pro corpo todo”, conta. Foi em 2019 que Benevaldo recebeu o diagnóstico de Doença de Parkinson. O desenhista técnico e servidor público municipal viu, então, sua rotina mudar. “Passei a demorar mais para fazer tudo. O desenho que eu fazia em um dia, agora levo três. O mouse foge da mão. A cabeça até pensa, mas o corpo não acompanha. É como se tudo ficasse mais lento”, conta.
Foi difícil se afastar do trabalho, sua paixão e sua principal fonte de renda. “No dia em que recebi o diagnóstico, o que mais me doeu foi pensar que talvez não pudesse mais fazer o que mais amo: trabalhar com desenho. Aquilo mexeu comigo”, afirma.
Mas Benevaldo não enfrenta essa luta sozinho. Ao lado dele, sempre esteve a esposa, Welmita de Souza Rodrigues, 46. Parceira de vida, virou a responsável pelas marcações de exames, papéis e remédios. “Ela corre atrás de tudo. E, mesmo assim, me incentiva a ter minha autonomia nas coisas do dia a dia. Esse apoio da família fortalece a gente”, agradeceu.
O casal conseguiu um encaminhamento para o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), referência no cuidado a distúrbios do movimento. E as melhorias vieram. “Hoje ele está mais ativo, mais disposto. Já voltou a fazer algumas tarefas com mais autonomia e mais dignidade. Antes, nem levantar o braço para pentear o cabelo, ele podia. Ver essa evolução nos traz esperança”, diz a esposa.
A Doença de Parkinson é um distúrbio neurológico crônico e progressivo que afeta os movimentos e outras funções do corpo. Embora ainda não exista cura, o tratamento adequado pode controlar os sintomas e garantir qualidade de vida a pacientes como Benevaldo. “Quase não dá pra perceber que eu tenho Parkinson, mas tem dias que simplesmente não estou bem. É vencendo um dia de cada vez”, diz.
A Doença de Parkinson e o diagnóstico precoce
Para a chefe do Serviço de Neurologia do HGF, Fernanda Maia, a história de Benevaldo representa muitas outras que começam com pequenos sinais ignorados. “O tremor é o sintoma mais conhecido, mas o primeiro sinal costuma ser a lentidão nos movimentos. Escovar os dentes, se vestir, enfim tudo começa a levar mais tempo . E isso, às vezes, passa desapercebido”, conta.
Ela destaca que falar sobre o Parkinson é fundamental não só nas datas reservadas ao tema, mas em todos os dias do ano. “É importante conscientizar porque não se trata de uma doença rara, é uma condição comum. Estima-se que, a cada 100 mil pessoas, entre 150 e 200 tenham Parkinson. Em uma cidade como Fortaleza, isso corresponde a cerca de 5 mil pacientes”, explica a especialista.
A doença costuma surgir após os 50 anos, mas também pode afetar pessoas mais jovens, em especial por fatores genéticos. “Mesmo sem cura, sabemos que medidas comportamentais, quando adotadas cedo, ajudam o paciente a manter sua independência por mais tempo.”
Atendimento especializado no HGF
O HGF oferece atendimento especializado por meio do Ambulatório de Distúrbios do Movimento, voltado especialmente para os casos mais complexos.
“Esse ambulatório funciona às quintas-feiras pela manhã e atende pacientes com formas difíceis da doença, que precisam de múltiplas medicações ou quando há dúvida diagnóstica entre Parkinson e parkinsonismos”, explica a médica. “Nossa missão é oferecer suporte especializado, cuidando com excelência desses casos de alta complexidade”, reforça.
Além do tratamento medicamentoso, o hospital investe em uma abordagem ampla. “Nosso foco vai além da medicação. Orientamos sobre sono, alimentação, incentivo à prática de atividade física. Contamos com fisioterapeuta, psicólogo, enfermeira e encaminhamos o paciente, se necessário, para serviços de fonoaudiologia ou terapia ocupacional na rede SUS’, explica.
A equipe também atua no suporte à saúde mental. “O Parkinson pode causar depressão, ansiedade, alucinações e demência. Temos apoio de neuropsicóloga para cuidar desses aspectos, pois sabemos que o impacto da doença vai além dos sintomas motores”, completa.