RIM ART 24 anos: um legado de humanização e esperança

18 de março de 2025 - 13:04 # # #

Assessoria de Comunicação do HGF
Texto e fotos: Eva Sullivan

Projeto une arte e saúde, proporcionando acolhimento e transformação para pacientes em tratamento de nefrologia

Criado em março de 2001, o Projeto RIM ART nasceu da inquietação de profissionais de saúde do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), equipamento da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), diante do impacto emocional da doença renal crônica sobre os pacientes. A ideia era simples, mas transformadora: e se a arte pudesse tornar essa jornada mais leve?

Desde então, a iniciativa reúne pacientes transplantados e da ala de hemodiálise do hospital para a produção de artesanato, como bonecas, mandalas, porta-retratos, chaveiros, porta-jóias e outros itens. Mais do que uma ocupação, o projeto tornou-se um espaço de acolhimento e fortalecimento da autoestima dos participantes.

A enfermeira aposentada, Suely Freitas de Oliveira, está à frente do projeto e acompanhou de perto a realidade dos pacientes renais ao longo desses anos, e viu na arte uma maneira de oferecer suporte, além do tratamento clínico. “Eu via no olhar deles o peso da rotina hospitalar, a angústia da espera, as incertezas. E aí, um dia, conversando com a assistente social Ana Filizola, eu disse: ‘Ana, vamos ensinar artesanato para esses pacientes?.’ Ela respondeu: ‘Suely, eu não sei pregar nenhum botão.’ E eu disse: ‘Mas eu sei.’ E foi assim que tudo começou”, relata.

Cada ponto bordado e cada peça moldada carrega histórias de superação. Uma dessas histórias é da Ana Colares, de 58 anos, transplantada há 4 anos. Para ela, o projeto é, também, um lugar de pertencimento. “No começo, eu só observava. Minha cabeça estava cheia de problemas, vivia preocupada, com medo do futuro, pensando besteira e o Rim Art me trouxe vontade de viver. Me sinto em casa aqui”, pontua.

Alguns, mesmo após receberem alta ou passarem pelo transplante, escolhem continuar participando. “A gente se ajuda muito. Quando um não está bem, o outro incentiva. É mais do que um passatempo, é uma família e eu pretendo continuar participando cada vez mais”, diz Elizabeth Chagas, emocionada.

O RIM ART não tem fins lucrativos, mas se mantém vivo graças à vendas das peças produzidas pelo grupo. Suely, aos 75 anos, continua se dedicando ao projeto com a mesma dedicação de sempre, mas reconhece que manter a iniciativa é um desafio constante. “Cada peça produzida é um pedacinho dessa história que começou há 24 anos, é um testemunho de superação”, defende.

São mais de duas décadas sendo um abraço coletivo, um espaço onde a arte e a esperança andam de mãos dadas para lembrar que, apesar da doença, é possível atravessar de forma mais leve.